cover
Tocando Agora:

Junior Alonso: a trajetória do “Xerife” que retornou para fazer história e liderar a defesa do Atlético-MG em 2025

Trajetória em Foco – Matérias especiais sobre os protagonistas do futebol Quem é Junior Alonso e por que seu momento no Atlético-MG está em pauta? Ju...

Junior Alonso: a trajetória do “Xerife” que retornou para fazer história e liderar a defesa do Atlético-MG em 2025
Junior Alonso: a trajetória do “Xerife” que retornou para fazer história e liderar a defesa do Atlético-MG em 2025 (Foto: Reprodução)

Trajetória em Foco – Matérias especiais sobre os protagonistas do futebol

Quem é Junior Alonso e por que seu momento no Atlético-MG está em pauta?

Junior Alonso é o zagueiro paraguaio e ídolo incontestável do Atlético-MG que, em novembro de 2025, em sua terceira passagem pelo clube, exerce o papel de liderança máxima na busca pelos objetivos da reta final da temporada.

Zagueiro de imponência, personalidade forte e técnica rara entre defensores sul-americanos, o defensor carrega o apelido de “Xerife” desde os primeiros meses em Belo Horizonte. É uma figura que simboliza entrega, comando e resistência, atributos que o transformaram em referência para companheiros e torcida.

O motivo da pauta é claro: com o Galo em busca de uma vaga para a Libertadores, a solidez defensiva voltou ao centro do debate. E quando o assunto é segurança atrás, o paraguaio continua sendo o pilar que equilibra o sistema. A matéria mergulha na sua longevidade, na eterna identificação com a Massa e no desafio de manter o nível que o consagrou no histórico ano de 2021.

Júnior Alonso veste com orgulho a braçadeira de capitão do Atlético Mineiro – Foto: Christian Alvarenga/Getty Images

Qual foi a trajetória de Junior Alonso antes de se tornar ídolo em BH?

Revelado pelo Cerro Porteño (Paraguai), Alonso construiu uma carreira sólida com passagens pelo futebol europeu (Lille, da França; Celta de Vigo, da Espanha) e pelo Boca Juniors (Argentina), onde já demonstrava o perfil de liderança que o consagraria no Brasil.

A história do Xerife começa no Cerro Porteño, sua casa de formação e o clube que o apresentou ao futebol profissional. A maturidade defensiva, o vigor nas disputas e a habilidade na saída de bola chamaram atenção cedo, abrindo caminho para sua primeira aventura no exterior ainda jovem.

O salto para o Lille e, posteriormente, o empréstimo ao Celta de Vigo serviram para ampliar seu repertório tático. O futebol europeu o obrigou a acelerar decisões e aprimorar sua leitura de jogo. Ainda assim, foi no Boca Juniors que Alonso viveu um ambiente de pressão comparável ao que encontraria no Brasil: La Bombonera o testou emocionalmente e consolidou seu perfil de liderança.

Esse percurso abriu portas para sua chegada ao Atlético-MG em 2020, inicialmente vista como uma aposta de Jorge Sampaoli para reforçar a construção desde a defesa. Mas o que parecia ser um experimento tático se transformaria em uma das relações mais simbólicas da história recente do clube.

Como Junior Alonso se tornou o “Xerife” do Atlético-MG?

Alonso foi o pilar defensivo e capitão em diversos momentos da temporada histórica de 2021, sendo fundamental nas conquistas do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil, entrando para a seleção do campeonato.

A adaptação de Junior ao futebol brasileiro foi imediata. Em 2020, tornou-se rapidamente o defensor mais confiável do elenco, organizando a linha defensiva e ditando o ritmo das saídas de jogo. A liderança natural fez dele um elo entre comissão técnica e jogadores.

O auge veio em 2021, no chamado “Ano Mágico”. Suas atuações foram decisivas em jogos grandes, e sua capacidade de iniciar jogadas desde a zaga se tornou arma constante. Ele transformou a defesa do Galo em uma muralha, combinando antecipações perfeitas com domínio emocional. Era mais que um zagueiro: era o construtor silencioso das vitórias.

A idolatria foi instantânea. O apelido “Xerife” nasce da combinação de raça, técnica e personalidade. A Massa viu nele um líder que unia estilo e entrega, alguém que compreendia a exigência de vestir a camisa alvinegra.

Júnior Alonso e Revés, do Atlético Mineiro
Júnior Alonso e Revés, do Atlético Mineiro (Foto: Reprodução)
Junior Alonso ao lado do histórico zagueiro Réver, após conquistarem o Campeonato Mineiro de 2020 – Foto: Pedro Souza / Atlético

Por que Junior Alonso saiu e voltou ao Galo tantas vezes?

Alonso foi vendido ao Krasnodar (Rússia) por valores recordes para um zagueiro, retornou por empréstimo devido à guerra em 2022, voltou à Rússia, e foi repatriado em definitivo em 2024, provando que seu lugar era em Belo Horizonte.

A primeira saída, no início de 2022, atendeu a uma necessidade financeira do clube. A oferta do Krasnodar representava um dos maiores valores já pagos por um zagueiro do futebol brasileiro. O negócio, avaliado em 8,2 milhões de dólares (R$ 46,7 milhões) foi considerado estratégico e inevitável.

No entanto, a guerra na Ucrânia alterou tudo. Com o caos no Leste Europeu, o zagueiro retornou rapidamente ao Brasil. O empréstimo relâmpago devolveu ao Atlético um líder que a torcida nunca havia superado. Depois, cumpriu sua obrigação de voltar à Rússia, mas deixava claro em entrevistas que Belo Horizonte havia se tornado sua segunda casa.

Em 2024, a recompra definitiva, cerca de R$ 6 milhões, aconteceu no contexto da SAF e do projeto de consolidação da Arena MRV. A diretoria entendeu que ter o paraguaio no elenco significava mais do que força técnica: era uma peça identitária, um símbolo da era vencedora do clube.

Como está o desempenho de Junior Alonso em 2025?

Em 2025, o zagueiro mantém a classe e o posicionamento impecável, mas enfrenta debates sobre sua velocidade e capacidade de recuperação contra atacantes mais jovens, naturais do envelhecimento.

Taticamente, Junior Alonso perdeu explosão, algo natural aos 32 anos, mas compensou com inteligência posicional. Sua leitura de jogo permite antecipar adversários e evitar duelos longos, reduzindo o impacto da idade. Em jogos de organização, continua sendo um dos melhores zagueiros do país.

A polêmica, no entanto, existe. Em partidas de transições rápidas, especialmente contra times que exploram corredores e atacantes de velocidade, parte da torcida questiona se o time não fica exposto demais. O debate sobre a necessidade de um parceiro veloz ao lado do paraguaio tem sido recorrente.

Dentro do vestiário, seu papel permanece inquestionável. O paraguaio é considerado o “pai” dos defensores mais jovens, orientando, corrigindo e dando suporte emocional. É a principal voz de comando do treinador dentro de campo, alguém que dita postura e disciplina.

Vasco x Atlético-MG
Vasco x Atlético-MG (Foto: Reprodução)
Júnior Alonso em ação em duelo diante do Vasco, pela Copa do Brasil de 2024 – Foto: Thiago Ribeiro/AGIF

O que Junior Alonso diz sobre sua identificação com o Atlético-MG?

O paraguaio sempre declara que o Atlético é sua segunda casa e que sua entrega em campo é a forma de retribuir o carinho único que recebe da Massa.

Desde que chegou, Alonso nunca escondeu a conexão afetiva com o clube e sua torcida. Para ele, existe mais do que relação profissional: há pertencimento e reconhecimento mútuo.

“Rodei o mundo, mas foi aqui no Galo que me senti completo. A Massa me respeita e eu dou a vida por esse escudo”, afirmou recentemente, reforçando o peso emocional que carrega ao vestir o manto alvinegro.

Em outra ocasião, deixou claro que sua postura em campo vai além de técnica. “Enquanto eu vestir essa camisa, a raça não vai faltar. O ‘Xerife’ está aqui para defender nossa casa”. Esse tipo de declaração fortalece a imagem que o torcedor já tem dele: a de um estrangeiro que representa o clube como poucos brasileiros fizeram.

Qual é o legado de Junior Alonso e o que esperar do futuro?

Junior Alonso já está na galeria dos maiores zagueiros estrangeiros da história do clube; seu futuro envolve a decisão de encerrar a carreira em Belo Horizonte ou buscar um último contrato, mas seu nome já é eterno.

Com contrato encaminhando-se para a reta final (dezembro de 2026), a próxima temporada pode ser o ano em que o zagueiro definirá os rumos de sua carreira. Há a possibilidade de renovar e encerrar o ciclo no Galo, algo que muitos torcedores desejam, mas também não se descarta uma proposta que lhe permita um último desafio internacional.

Independentemente do futuro, seu legado está consolidado. O paraguaio representa profissionalismo absoluto: chega cedo aos treinos, mantém rotina rígida de preparação e é referência para os jovens que conversam sobre a arte de defender. É um espelho para nomes que surgem na base alvinegra.

Essa herança transcende títulos. Muitos dos padrões defensivos que o clube estabeleceu nos últimos anos carregam sua influência. Em matérias e reportagens que que tratam do “Ano Mágico de 2021” ou dos “Maiores estrangeiros da história do Galo”, seu nome é sempre citado, e estará para sempre entre os principais.

Junior Alonso voltará a ser campeão com a camisa do Clube Atlético Mineiro?

A trajetória de Junior Alonso é a de um estrangeiro que chegou sem alarde em 2020 e se transformou no dono da defesa de um dos períodos mais vitoriosos da história atleticana. Sua história mistura técnica, raça, liderança e, sobretudo, identificação, uma combinação que poucos jogadores conseguem construir em tão pouco tempo.

Suas passagens pelo maior campeão mineiro é a prova de que a identificação genuína do clube (o “casamento perfeito”) vale mais do que qualquer proposta milionária vinda da Europa ou do Oriente Médio.

Resta a pergunta que permeia cada partida decisiva: será que Junior Alonso conseguirá erguer mais uma taça para fechar seu ciclo com chave de ouro?

Ou sua trajetória será lembrada como a do Xerife que sempre voltou para proteger seu território, independentemente das circunstâncias?

Junior Alonso, do Atlético Mineiro
Junior Alonso, do Atlético Mineiro (Foto: Reprodução)
Júnior Alonso comemora um de seus gols com a camisa do Atlético Mineiro – Foto: Pedro Souza / Atlético